Em 2016 eu tive a oportunidade de fotografar um parto transformador, o NASCIMENTO DO KIRONE.Assim que ele nasceu, sua mãe Kátia, entregue naquele momento teve como instinto lamber seu bebê ao recebê-lo. Essa foto viralizou pela internet e gerou muita polêmica. Muita gente assumiu que também teve vontade, outras falaram que também lamberam seu bebê e várias pessoas criticaram.
Cátia compartilhou a história por trás dessa foto para a Revista Crescer!
"Quando eu tive o Kirone, foi uma gravidez muito planejada e esperada. Eu já tinha perdido um filho anteriormente, porque tive pré-eclampsia. Levei a gestação até o fim e quando chegou a hora de parir, fui para a maternidade. Após fazerem um ultrassom, me contaram que meu filho já estava morto. Como ele já estava encaixado, recomendaram que eu, ainda assim, tentasse o parto normal e me deram ocitocina. Eu entrei em trabalho de parto e dei à luz um bebê já sem vida.Depois de tudo isso, fiquei com aquele sentimento de mãe parida e sem filho. Com leite nos seios e sem ter a quem amamentar. Com quarto e enxoval prontos, mas sem bebê. Me senti uma fêmea provida de todas as condições para ter um bebê e, mesmo assim, sem ele. Isso aconteceu em 2011 e só fui engravidar do Kirone em 2015. Por motivos óbvios, estava muito preocupada depois de tudo que aconteceu. Procurei uma doula, assisti a muitos documentários, participei de rodas de conversa sobre parto humanizado e fui me informando, conscientizando, encorajando.Quando tirei um momento para decidir sobre esse parto, decidi ter normal novamente. Pensava: “Se o bebê que veio ao mundo morto, veio em um parto normal, eu queria ter o prazer de ter o meu bebê vivo dessa forma”. Quando o Kirone nasceu, fui tomada por uma grande emoção. Veio o instinto falando mais forte. Eu estava realizando o sonho de parir um bebê vivo. Não encontrei outra maneira de recepcioná-lo e dizer o quanto ele era amado. Que eu era sua mãe, que tinha acabado de pari-lo. Lambe-lo foi uma expressão de todo esse acolhimento, depois de tudo que eu já havia perdido.Por sorte, a Ludy estava lá para registrar esse momento. Quando eu autorizei que ela divulgasse essa imagem, esperava inspirar outras mulheres a não desistirem de seu sonho de um parto humanizado e respeitoso. Quando tive o Kirone, foi como se tudo o que passei tivesse um novo sentido. Dentro desse modelo de atendimento, eu tive toda a liberdade do mundo para expressar isso da forma como desejasse. Agarrando, beijando, cheirando e também lambendo meu bebê!".Por Cátia Borba
E você, como recebeu o seu bebê?